Um lugar que chove verde. Folhas secas, corredeira a passar,
uma sombra, um quintal.
No varal roupas brancas estendidas brincam com o vento. A casinha no meio da imensidão viva, verde,
molhada, musicada pelos passarinhos. Pedras, pássaros. A vida correndo livre
sem hora para terminar. Nesse lugar que chove verde me vejo menina outra vez.
Tanta gente querida ao redor. Gente que o tempo levou, mas não hoje.
Hoje, nesse terreiro batido de chão rodeado de paineiras
robustas sou outra vez a menina colecionadora de painas em vidros de maionese.
Maria trabalhadeira, dentro da casinha, às voltas com o almoço. Tem tanto
serviço! Será que um dia parou para ouvir o sabiá?
Um lugar que chove fino. A chuva me alenta – a corredeira me
leva para esse lugar chovido de lembranças, de tempos, de lugares. Não é
nostalgia. Não era totalmente perfeito - mas nessa terra de paineiras e
corredeiras me encontro com as velhas raízes.
Casa velha, parede e meia com outras, todas elas igualzinhas
construídas há muito tempo. Terreiro farto, jardim a florescer. Flores azuis,
trevinhos úmidos, beijinho de estudante coloridos... Inúmeras florezinhas sem
valor. As roseiras, de um rosa desbotado e alegre, crescem às dúzias espinhando
doído os desavisados. Também são antigas moradoras daquele jardim.
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