O Voadeira Estradeira nasceu um blog sobre viagens (período incrível!). Depois se tornou um breve diário pré-casório e compartilhamentos sobre a maternidade. Agora ele se transformou em meu principal projeto: criação, produção e estudo de literatura. Muito bem-vindos!

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Relembrar é viver (diferente) para caminhar pra frente

 Mais do que viver, relembrar nos ajuda a fazer um balanço sobre nossas escolhas e resultados atuais que, sim, determinaram nossa vida. Começarei lá no Instagram uma série de vídeos sobre minhas produções literárias, seja na escrita como na produção e revisão. Não é narcisismo não, de verdade. É uma espécie de balanço e retomada, pois daqui para a frente estou dando prioridade aos trabalhos de literatura. Talvez um dos resultados da Quarentena que obrigou cada um de nós fazer um balanço geral para seguir em frente. Além disso, uma coisa muito interessante aconteceu: pudemos sentir, de verdade, o que é essencial para nossa existência e o que estava ocupando espaço. 


Uma historinha:

Um belo dia, depois de um longa e tenebrosa quarentena, e a nossa cidade na fase vermelha, fui dar um rolê no shopping e matar a saudade da livraria. Nossa, como amo frequentar livrarias! Esbarrei em uma edição de bolso, com lindas ilustrações, contando a história da Jane Austen (escritora que tenho lido e estudado) para meus primeiros passos para um futuro romance. Ali, em pé, li a biografia dela em minutos... (juro que ainda comprarei um livro desse). Vi o óbvio, o que geralmente acontece. Jane morreu aos 41 anos (exatamente minha idade!). E em sua breve vida fez exatamente o que deveria ter feito em vida, pois seus livros são lidos até hoje e nos conectam com algo muito maior do que o século em que ela viveu. Ela fala conosco, nos toca! Ali, em choque, pensei seriamente em nossa brevidade... em meio a uma pandemia e a inúmeras possibilidades de irmos embora da Terra amanhã ou depois, percebi que só depende de mim levar a literatura como meu grande propósito de vida. Já adiei muito. Agora é a hora! Aceitei! Jane, obrigada! 

E é por isso que farei essa série de vídeos curtos contando minha trajetória na escrita. Os vídeos serão uma forma de organização mental para meus próximos passos, mas quero compartilhar, porque estamos aqui para isso! Não para vendermos a imagem de vida perfeita (não existe, mesmo), mas para compartilhar com outros nossa caminhada cheia de tropeços, passos em falso e meia voltas. Nessa estrada tortuosa que ninguém sabe quando irá acabar, precisamos carregar apenas o que é essencial. E é isso que a literatura é para mim hoje. É minha única bagagem. Minha família é parte de mim. Meu trabalho é uma forma de serviço. E a literatura não saiu da mala durante a Quarentena. E, antes que parta para a próxima etapa reservada aos seres humanos, quero tentar, como a Jane tentou e conseguiu, escrever, escrever e escrever. 

Deixo aqui o propósito desses vídeos e agradeço, de coração, se vocês acompanharem comigo. 

Até breve! 

sábado, 30 de janeiro de 2021

Sobre jardins e histórias

 No finalzinho das minhas férias reorganizei vários cantos da casa, um deles foi o cantinho verde da área de serviço. Tem luz natural e sol indireto. As plantas ficam felizes lá. Arrumei a bagunça e deixei o canto como um respiro contemplativo enquanto lavo e penduro roupas, separo lixo reciclável e corro para fechar as janelas antes das tempestades. 

Metáforas sobre jardins são as minhas preferidas! E claro, não apenas as minhas. "O Jardim Secreto", de Frances Hodgson Burnett (1849), escritora inglesa que ficou famosa nos Estados Unidos escrevendo para crianças é uma das histórias preferidas com jardins. Duas crianças sofridas, abandonadas pelos pais e mimadas por seus cuidadores, se conectam com a própria vida cuidando de um jardim abandonado há anos por conta de uma fatalidade. A vida é difícil, essa é a realidade. Mas ela segue... e os jardins sempre reflorescem quando resolvemos trabalhar nele. 

Meu primeiro livro solo, um ensaio pessoal, chama-se "Um Novo Jardim". Agora trabalho em meu terceiro livro infantil, "Jardim da Lolô". Sim,
jardins me inspiram histórias. O meu grande projeto do ano é encontrar minha voz narrativa, meta tantas vezes adiada, deixada para depois de algo urgente, seja estreias no teatro, aulas na escola, bebês crescendo... Agora é a hora. Não há mais como adiar. Talvez meu jardim literário tenha sido adubado nesses 41 anos de vida e na pademia ele começou a brotar como o jardim secreto de Mary e Collin, de Burnett. Não há como segurar os raminhos novos quando um jardim decide se reinventar. ;) 

sábado, 23 de janeiro de 2021

"Crianças francesas não fazem manha"...


Começamos essa conversa lá no Instagram, mas agora prometo abastecer o blog semanalmente com conversas sobre a vida de Voadeira Estradeira (Literatura, Arte, Educação, Viagens e Filhos), mesmo quando está em Home Office com filhos...Fases, né?

Devorei o livro da Pamela Druckerman quando ainda estava grávida no Miguel (2015). Quantas expectativas... prometi seguir à risca muitas dicas pertinentes da autora. Então, não rolou... Por ser ansiosa, me vi com uma enxurrada de vida real e angústias maternas para administrar, mas isso aqui é assunto para outro texto (as expectativas e realidades da mãe de primeira viagem), se você é uma delas, bem-vinda ao clube!!!! ;)

Mas, sobre o livro, creio que alguns pontos são realmente interessantes e merecem uma reflexão, a autora, como americana vivendo na França, percebeu alguns comportamentos muito negativos na maneira dos pais americanos criarem seus filhos - lendo a descrição, sinto que nós, mães e pais brasileiros, somos muito americanizados em quase tudo (desde os filmes e séries até os padrões de consumo exagerado) e também em como vemos nossos filhos. 

Ela, em um local diferente (onde a grama sempre é mais verde, claro!) percebeu pontos chaves que talvez mudem um pouco a nossa maneira de olhar a infância dentro de casa, com essas pessoinhas que ocupam todo nosso tempo e energia. Então, vamos lá: 

- Crianças não são o centro da família - verdade! São fundamentais, são nossa herança, nossos amados, mas temos vida, temos nossa individualidade, somos esposas, profissionais, amigas, filhas, irmãs, enfim... 

- Não somos perfeitas, nem nossos filhos, criados por seres imperfeitos, como seriam diferentes? 

- Faça das refeições momentos especiais - isso tenho aplicado desde a Pandemia! Sentamos à mesa da cozinha, comemos e conversamos. Tem dias difíceis, dias que não rolam direito, mas a constância funciona e há dias que conversamos sobre muitas coisas que em outro ambiente não seria possível. 

- Ouça as crianças, e faça-se ser ouvida! Somos modelos para nossos filhos, estamos guiando seus passos e estamos na frente (não por sermos melhores) mas porque já vivemos muito mais. Não deixe rolar solto, não satisfaça todos os desejos... isso será terrível no futuro. 

- Encare as birras como uma forma de expressão (ou falta dela) e não como algo para te atingir pessoalmente (esse é meu desafio atual rs). 

Força pra nós!

E o bolo... hum... vale a pena!