Crônica - Carta aberta ao médico do Detran

Deixei para a última hora a renovação da minha CNH, como sempre... Saí esbaforida porque era véspera de feriado e os 30 dias de prorrogação já estavam vencendo. Documentos em mãos, xerox,  fila rápida,  sem problemas... Entro no exame médico. Um doutor gordinho com cara de simpático me aguardava para os breves exames... Óculos para o exame de vista, interrogatório sobre medicamentos... ele olha minha foto 3x4 e diz: "Nossa! Você é uma camaleoa! Como está diferente!"
Então, resolvi escrever ao doutor (que nem sei o nome)! 

Obrigada pela observação, doutor! Sim, em 2012 (data da antiga foto) estava de cabelo comprido. Mas ele segue acima do ombro desde 2013! Na verdade demoro para mudar o visual... Mas para você, com uma foto ao lado da outra foi muita mudança, quase duas pessoas diferentes. Sua observação me levou a uma breve rememoração sobre os últimos cinco anos. Em 2012 estava noiva e minha preocupação era como seria minha festa de casamento, como seria ser dona de casa...etc. Este ano meus pensamentos são bem outros: onde o Miguel vai estudar? Como faço para estudar e trabalhar com ele por perto? E o outro bebê, será que não vem? Aí vou para os outros cinco anos de 2012 a 2007 então, estava trabalhando muito, não tinha tempo para quase nada, mas vivia tranquilamente na casa da minha mãe. De 2007 a  2002, era outra, quase de outro planeta...No meio de uma crise depressiva profunda eu mudei completamente a direção da minha vida, mas na época achava que não conseguiria. E de cinco anos em cinco anos vamos vivendo, dando um olá para a existência burocrática enquanto nossa vida passa, enquanto as coisas acontecem. De 2002 a 1997, tinha acabado de tirar carta, o mundo agora era meu, tinha liberdade para ir e vir e queria ir dirigindo pela América do Sul inteira (e ainda quero!). E de 1997 a 1992? Ainda não existia no sistema. O Detran ainda não me conhecia, muito menos o senhor, doutor. Mas obrigada pelo flash back numa quarta-feira véspera de feriado.